Abordar a escolarização de crianças e jovens com TGD é deparar-se com um campo ainda em construção de caminhos marcados por dúvidas, respostas provisórias, o que requer um novo olhar para a construção de possibilidades subjetivas e educacionais para esses sujeitos. A política para a educação especial, na perspectiva da educação inclusiva, traz a inclusão como uma oposição aos paradigmas vivenciados na história da educação em nosso país, repudiando práticas segregativas e excludentes e constitui um paradigma educacional, fundamentado na concepção de direitos humanos, que conjuga igualdade e diferença como valores indissociáveis e que avança em relação à ideia de equidade formal ao contextualizar as circunstâncias históricas da produção da exclusão dentro e fora da escola (BRASIL, 2008, p. 5). O polêmico assunto da inclusão escolar implica um desafio: pensar sobre as diferenças e sobre os direitos, nos caminhos e nas estratégias para que as escolas possam de fato atender a todos. Complementando a ideia de inclusão escolar, Carvalho (2008, p. 28) afirma que "pensar inclusão a partir da perspectiva da educação na diversidade é reconhecer as diferenças individuais; é reconhecer a existência de limitações que criam barreiras que precisam ser removidas, sem considerá-las como obstáculos intransponíveis". Veiga Neto e Lopes (in SANTOS, 1999, p. 119) propõem uma breve incursão acerca do termo inclusão, o qual pode nos remeter a múltiplos significados: “atribuir esse ou aquele significado à palavra inclusão é uma forma de inventar uma interpretação para ela”. Sua força está na produção e circulação de narrativas de diferentes grupos sociais e seu significado está determinado pelos diferentes usos que dela se fazem. Meira (2006, p. 48) relata que “a escola inclusiva não deve ser a escola que oferece tudo para todos. Esse é um lugar impossível pela impossibilidade de atender a demanda pedagógica de serem "“todos iguais"”. Ainda afirma que “"demandar a todas crianças o mesmo nível de atividades seria negar as diferenças que aí se impõem".” A diferença, conforme Carvalho (2008, p. 21-25), deve ser entendida como: experiências vividas pelos sujeitos; como relação social; como subjetividade, considerando os instintos, as pulsões individuais e a identidade, marcados pela multiplicidade de posições que constituem o sujeito. Há de se pensar que a inclusão escolar nas escolas de Ensino Fundamental, como alternativa de escolarização para todos, também restringe a possibilidade de práticas educacionais que não se enquadram na estrutura dessas escolas. Entendemos que as práticas pedagógicas das escolas precisam atender às necessidades, possibilidades e habilidades de cada um dos seus alunos, cabendo, nesse caso, uma reflexão sobre quais espaços escolares são necessários para atender os alunos com TGD. Todos os alunos podem estar plenamente inseridos na escola de Ensino Fundamental? As escolas especiais não são também espaços escolares? Por quê? O que é a escola inclusiva? Essas questões devem estar presentes no cotidiano das escolas, universidades, políticas públicas, etc. A inclusão escolar de crianças e adolescentes com TGD é um grande desafio, e parte da realidade de diversas instituições de ensino. É importante que escola e sociedade compreendam o sentido e as marcas da escolarização dessas crianças e jovens com transtornos que vêm ficando à margem da cultura.